Em tempos de vestibular, a curiosidade sobre o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) envolve os candidatos. Embora seja impossível prever o futuro, uma análise sobre as tendências sociais, políticas e de grandes eventos mundiais pode ajudar a direcionar os estudos.
Ficar atento aos assuntos em alta é a chave para os candidatos, segundo Victor Matheus dos Santos, professor de redação do Colégio Oficina do Estudante, de Campinas (SP). Assim, Inteligência Artificial (IA), sustentabilidade e mobilidade urbana são algumas das apostas para as provas deste ano.
Principais apostas
O professor de redação explica que não existem fórmulas certeiras que permitam adivinhar qual é o tema da redação, mas é possível perceber tendências e recorrências que, ao serem observadas ao longo dos anos, indicam caminhos prováveis.
📝 A partir dessa análise, ele estabeleceu uma lista com três eixos temáticos que devem ficar no radar do aluno durante o preparo:
- Sustentabilidade e meio ambiente: o tema ganha força com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) no Brasil. No entanto, o professor destaca que a sustentabilidade pode aparecer não de forma direta, mas se conectando a questões sociais, como o boom imobiliário ou a habitação em cidades-sede de grandes eventos.
- Inteligência Artificial (IA): embora seja um tema muito debatido, o professor reforça que ainda é muito relevante e pode aparecer não apenas na redação, mas também em questões de interpretação de texto na prova objetiva.
- Mobilidade urbana: para Santos, este é um tema que ainda não foi abordado em sua totalidade pelo Enem, em especial na forma como os problemas da mobilidade afetam o dia a dia das pessoas.
Além desses temas, o professor orienta os estudantes a olharem para assuntos que foram muito debatidos ao longo do ano, mas que podem passar “debaixo do radar”, o que inclui questões estruturais do mundo do trabalho.
A dica é estudar:
- a relação entre vida e trabalho;
- a jornada 6×1;
- a “uberização”;
- e o trabalho por aplicativo.
Santos comenta que, por causa da ansiedade da “reta final”, muitos alunos querem sair produzindo, “escrevem dois, três textos por dia”. Porém, ele explica que isso não tem impacto positivo e que, na realidade, pode até ser prejudicial, pois deixa o estudante cansado para o dia da prova.
Ele recomenda continuar com a rotina de escrita, trabalhando um texto por semana. Além disso, orienta que o vestibulando leia bastante, pois, mesmo sem conseguir revisar todo o conteúdo da redação, poderá retomar assuntos que foram importantes ao longo do ano.
Outra forma de estudar pode ser assistindo a filmes e séries, aproveitando o momento de lazer para fazer uma escolha mais direcionada. Deste modo, é possível relaxar ao mesmo tempo em que ganha repertório para as provas. E cita dois filmes como sugestão:
- Não Olhe Para Cima: aborda questões ambientais e negacionismo científico.
- Parasita: discute a desigualdade e as relações de trabalho.
“Às vezes naquele momento de lazer, fazer a escolha entre assistir qualquer coisa ou assistir um filme que envolva um tópico importante como sustentabilidade, mobilidade urbana, a questão das relações de trabalho […] a gente despreza um pouco a força que tem esse tipo de estudo, sabe?”, comenta.
Dá para estudar redação com IA?
Sobre o uso de ferramentas de inteligência artificial na preparação para a redação, o professor comenta que o recurso pode ser útil para otimizar a correção, mas precisa ser usado com consciência e criando prompts que delimitem critérios objetivos.
E conclui dizendo que o mais importante, segundo o professor, é confiar na escrita autoral, um modelo pronto não vai substituir a autenticidade da escrita. “Por mais que você duvide da forma como você escreve, por mais que você não tenha tanta segurança na sua escrita, uma escrita bem trabalhada e autoral é muito melhor do que qualquer modelo pronto. Isso não tem discussão”, afirma.







